“Você jamais saberá que Jesus é tudo o que você precisa até Jesus ser tudo o que você tem.”
“Compadece-te
de mim, ó Deus, compadece-te de mim, pois em ti se refugia a minha alma; à
sombra das tuas asas me refugiarei, até que passem as calamidades.”- Salmo
57.1
Como disse certa vez Max
Lucado: “O deserto começa com
separações. Continua com engano.” Assim é o deserto. A
palavra deserto provém do latim
desertus, particípio passado de
deserĕre, cujo significado é
"abandonar". E essa é a sensação de quem encara os “desertos” desta vida:
abandono.
Melissa, sempre foi uma
das mulheres mais atuantes na sua igreja. Líder do louvor, com voz e
participação ativa no grupo de jovens, conselheira de novos convertidos. Tudo
parecia ir bem: família, igreja, emprego... E agora esta terrível notícia:
Câncer.
Paulo sempre foi um
esportista notável. Desde muito cedo, tinha bastante energia, sempre correndo e
pulando dentro de casa. Aos 12, já tinha várias medalhas e troféus conquistados
em competições escolares. Aos 16, era considerado a nova revelação da natação.
Aos 18, já era campeão nacional de triatlo. E hoje, com recém-completados 20
anos, a notícia que a família mais temia, desde o acidente: Paulo ficaria com
sequelas. A lesão na coluna e o triste veredicto:
Paralisia.
Davi, outrora pastor de
ovelhas, matador de gigantes, genro do rei... agora era perseguido por um
posseso Saul. O que fazer? Para onde ir? Se esconder entre as ovelhas? Óbvio
demais. Procurar Samuel? Não. Davi foge então para Nobe, a cidade dos
sacerdotes. Lá, mente para Aimeleque, come pão consagrado. Depois foge para
Gate, terra dos filisteus. Lá para não ser morto, finge-se de louco. É expulso.
Atirado no deserto. Sem auxílio, sem ninguém, Davi vai para a caverna de Adulão.
Quem sabe você tenha uma
história parecida com Paulo, Melissa ou Davi. Estava em um lugar onde era
querido, amado, e agora tudo isso acabou. De protegido passastes a ser
perseguido. O que fazer? Onde buscar ajuda? Na igreja? O que me espera lá? Dedos
apontados ou uma mão amiga? Compreensão e apoio ou Incompreensão e condenação? O
que fazer? Ir para os braços de um qualquer ou para um bar e flertar com seus
fantasmas entre um gole e outro? Viver em ruas sujas, sem teto, esperando um
tintilar de um moeda em um copo sujo? Se atirar do edifício ou da ponte mais
alta, indo de encontro da morte?
Enquanto seus pensamentos
divagam, seus pés te encaminham cada vez mais para dentro do deserto. Sente o
calor do dia, o frio da noite. Chegastes agora em sua caverna de Adulão. As
noites são cada vez mais longas, o chão cada vez mais frio, e seus olhos começam
a se acostumar com a escuridão do ambiente. De vez em quando, você reúne forças,
olha para fora, mas tudo o que consegue enxergar é a imensidão árida de seu
deserto. E mais uma vez a pergunta: o que
fazer?
Esta é uma boa hora para
lembrar-se de Davi. Um perito em fugas, mas também um virtuoso na arte de tocar.
E de compor. “Compadece-te de mim, ó
Deus, compadece-te de mim, pois em ti se refugia a
minha alma; à sombra das tuas asas me refugiarei, até que passem as
calamidades. Clamarei ao Deus
altíssimo, ao Deus
que por mim tudo executa.
Ele do céu enviará seu auxílio, e me salvará, quando me ultrajar
aquele que quer calçar-me aos pés. Deus enviará a sua misericórdia e a sua
verdade”. Durante os últimos
meses, aquele que é segundo o coração de Deus, não teve seus olhos voltados para
Ele. E se perdeu. Perdeu-se em meio a mentiras, enganos, frustrações, decepções.
Padeceu, sofreu, foi humilhado, abandonado. Agora ali, na caverna de Adulão em
meio a tantos sofrimentos e tendo por companhia leões, ele consegue sentir um
toque, como brisa suave, naquela noite fria, aquecer seu coração. Novamente,
seus olhos voltam para aquele a quem ele cantava à noite, chamando o de pastor.
Você se olha no espelho e
a imagem que vê é desanimadora. Parece que os últimos meses, tornarem-se anos na
sua vida. Você já não tem forças. O ânimo já se extinguiu há tempos. Seu cheiro
é o da caverna de Adulão. Max Lucado escreveu o seguinte:
“Você jamais saberá que
Jesus é tudo o que você precisa até Jesus ser tudo o que você
tem.”
Na caverna de Adulão
moram todos os que estão em dificuldades, os endividados, os descontentes. A
fraqueza. A loucura. Lembre-se porém destas palavras: “Irmãos, pensem no que
vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos;
poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu o que
para o mundo é loucura para envergonhar os sábios, e escolheu o que para o mundo
é fraqueza para envergonhar o que é forte” (1 Coríntios
1:26,27). São os moradores de
Adulão que Deus quer. São estes que foram afligidos, padecem grandes
sofrimentos, mas que chegaram até Adulão. Em Adulão não há status, pois todos
têm consciência que são devedores. Em Adulão não há hierarquias, pois ninguém é
maior do que o próximo. Os moradores de Adulão aprendem dia-a-dia o significado
real do que é graça. Adulão é sinônimo de convivência, comunhão, troca. Em
Adulão ouve-se a voz de Deus.
Estás cansado, ferido,
abatido? Em meio a este deserto, Deus te conduz para a caverna de Adulão. Tenha
seus olhos voltados para aquele que é o socorro bem presente nas tribulações.
Tenha seu coração voltado e determinado em adorar a Deus. Não estou te propondo
algo que será fácil, mas não desista. Enfrente este deserto. Vá até Adulão.
Refugie-se em Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O artigo foi útil? Deixe um comentário, uma sugestão contribua. Obrigado!