Uma das grandes contradições da nossa sociedade contemporânea se dá pelo fato de que o homem tem desenvolvido alta capacidade no que diz respeito às tecnologias e aos meios de comunicação, em contrapartida, tem gerado uma tendência muito forte ao isolamento, ao “ostracismo”, empobrecendo, portanto, os contatos sociais. Esse paradoxo é analisado por Delfim Soares, no trecho selecionado a seguir. “O convívio humano que resulta de contatos primários é a característica dominante das sociedades pouco industrializadas, das zonas rurais ou de pequenos grupos sociais. A industrialização e a urbanização estabeleceram um modo de vida no qual o contato primário, interpessoal, foi reduzido, favorecendo a generalização dos contatos secundários e das relações impessoais. Observa-se, assim, uma tendência inversa entre a formação de grandes aglomerados populacionais e o convívio humano. A instauração da sociedade de consumo e da sociedade de massa se constitui num marco decisivo para o surgimento de um ser humano massificado. Nesse modelo social, o ser humano deixa de ser considerado pessoa e passa a ser encarado como máquina devoradora de produtos, idéias ou mercadorias. [...] Na sociedade pós-industrial, o contato em geral entre as pessoas é apenas físico; o significado das interações sociais fica reduzido a seus papéis sociais formais e suas funções profissionais. À medida que os contatos meramente formais se generalizam, expande-se o anonimato. O homem vive no meio da multidão, mas não convive com ninguém, como pessoa; a multidão nas ruas, o congestionamento no trânsito, a moradia em apartamentos superpostos, as turbas nos estádios esportivos e os enxames humanos nas praias são manifestações sociais frequentes. Nelas, raramente se verifica convívio humano. [...] Os indivíduos não se encaram mais como pessoas, mas como objetos. Nesse contexto, cresce a sensação de solidão”.
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