segunda-feira, 22 de maio de 2017

Mateus 7. 24-27

A moeda na boca do peixe (ou: sobre como se faz um milagre)

17/09/2013 16:37
"Quando chegaram a Cafarnaum, os fiscais do imposto do Templo foram a Pedro e perguntaram: 'O mestre de vocês não paga o imposto do Templo?' Pedro respondeu: 'Paga, sim'. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se e perguntou: 'O que é que você acha Simão? De quem os reis da terra recebem taxas ou impostos: dos filhos ou dos estrangeiros?' Pedro respondeu: 'Dos estrangeiros!' Então Jesus disse: 'Isso quer dizer que os filhos não precisam pagar. Mas, para não provocar escândalo, vá ao mar e jogue o anzol. Na boca do primeiro peixe que você pegar, vai encontrar o dinheiro para pagar o imposto. Pegue-o, e pague por mim e por você" (Mt 17,24-27).
O texto citado acima é o relato de um dos milagres de Jesus, raramente lembrado nas pregações que já ouvi. Talvez porque alguns o considerem um "milagre menor", ou talvez porque a narrativa lhes pareça demasiadamente infantil. A história soa como uma daquelas fábulas que por vezes as pessoas contam às crianças. Pouco falta para que o peixe de S. Pedro, além de trazer uma moeda na boca, comece a papear com o apóstolo!
Há, no entanto, uma beleza sublime na simplicidade desse milagre, e para que você compreenda o que pretendo dizer, gostaria que considerasse outra história, que antecedeu à pesca maravilhosa:
O lago Tiberíades, também conhecido como mar da Galileia, é uma massa de água doce localizada no norte da antiga terra de Israel. Às margens do lago surgiram inúmeros vilarejos de pescadores, que tiravam de suas águas o sustento de suas famílias. Além da pesca, o lago também servia como ligação entre os povoados que o margeavam, sendo cortado diariamente de um lado a outro por dezenas de embarcações.
Certo dia, quando um desses barcos singrava as águas, um homem, sem perceber, deixou cair uma moeda. Ela atingiu a borda do barco, rodopiou por alguns instantes, caindo em seguida nas águas esverdeadas. Não era uma peça de dinheiro qualquer, mas um estáter, a valiosa moeda grega que valia quatro dracmas, o equivalente a quatro dias de trabalho de um diarista.
Ora, dentre as várias espécies de peixe que povoam o lago, há uma bastante curiosa: trata-se de um peixe que os sábios de hoje denominam Hemichromis sacra. Essa espécie, assim como acontece com a tilápia de Sião, tem o hábito de guardar os filhotes na boca; quando chegam a certo tamanho, ele os expele, colocando um seixo no lugar. Naquele dia, porém, quando um desses peixes, tendo expelido o último filhote, procurou por um seixo para engolir, viu aquele estáter descendo rumo ao fundo do lago, e logo o abocanhou.
Dias depois, quando aquele peixe nadava nas cercanias da cidade de Cafarnaum, alguma coisa na água atraiu sua atenção. Parecia um petisco saboroso, e ao tentar comê-lo, foi fisgado por um anzol. Debateu-se, debateu-se, mas foi em vão. Mãos experientes o puxaram para fora do lago, e a cena que se seguiu foi deveras espantosa: de joelhos, com o estáter de prata rebrilhando na palma da mão, o pescador, tomado de alegria e reverência, exaltava o Deus de Israel.
A história que propus acima não é o registro factual do que se passou naquela ocasião, mas poderia ser. Observe que, se analisarmos a narrativa do milagre, ele se compõe de acontecimentos puramente naturais, triviais até. Senão, vejamos:

(1) Uma moeda cai no lago Tiberíades, como muitas outras caíram antes e depois daquela que Pedro encontrou na boca do peixe.
(2) Um peixe da espécie Hemichromis sacra, que comumente coloca pedrinhas na boca para substituir os filhotes que expeliu, ao invés de pedra, abocanha aquela moeda.
(3) Pedro, como tantos pescadores antes e depois dele, lança um anzol no lago, fisgando um peixe. Muitas vezes ele havia pescado peixes dessa espécie em particular, em cujas bocas ele encontrara pedrinhas. Mas, nesse dia, lá estava a moeda predita por Jesus.

Naquele dia maravilhoso, o milagre se fez quando Pedro, lançando o anzol no momento certo, fisgou o peixe certo. Apenas isso. Deus não criou uma moeda especial, nem um peixe especial, nem alterou especialmente os hábitos de um peixe qualquer. Ele "apenas" coordenou os acontecimentos para que Sua vontade se concretizasse através de um anzol.
Estaria o segredo no anzol? Seria um anzol adquirido no Bazar Santo dos Fariseus e ungido pelos sacerdotes de Jerusalém? Não, por Deus! Tratava-se um anzol comum, que Pedro talvez já usara em outras ocasiões. Pedro! Agora sim: o segredo está em Pedro. Afinal, estamos falando de São Pedro, príncipe dos apóstolos e pedra da Igreja. Qual nada! Pedro já pescara dezenas, centenas de vezes antes desse dia, e muitas outras vezes pescou. E teria ficado milionário se a cada peixe fisgado faturasse um estáter.
A grande questão está no momento em que Pedro lançou o anzol, e o momento foi determinado por uma ordem: "Vá ao mar e jogue o anzol". Você consegue compreender? O grande milagre, o extraordinário milagre relatado nesse texto do Evangelho acontece no instante em que um homem sensato, vivido, de muitas experiências e poucas ilusões, deixando de lado as dúvidas e a indecisão, resolve atender às palavras daquele jovem Galileu, que sabia muito de marcenaria, mas muito pouco sobre peixes. Ou não? Pedro aprendeu a saber, como nós também aprendemos, que aquele Galileu era muito mais do que aparentava. Se Ele ordenou, obedeço. Ele sabe o que diz, Ele sabe o que faz, Ele é o que é.
Você deseja o milagre? Você espera o milagre? Você crê no milagre? Então assuma uma única atitude: aprenda a obedecer ao Senhor Jesus. Quando isso acontecer, acredite: ao dobrar uma esquina, abrir sua caixa de e-mail ou, quem sabe, pescar um peixe, o milagre de Deus, sem estardalhaço ou pirotecnia, transformará a sua vida.


Leia mais: http://pensamento-cristao7.webnode.com/news/a-moeda-na-boca-do-peixe-ou-sobre-como-se-faz-um-milagre-/

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